Talvez ela fosse a única pessoa que realmente conhecia o perigo constante que era estar ao seu lado. Não que seja difícil de perceber, mas, digo isso por pura conveniência. Ela sempre esteve lá e sabia do seu discurso como ninguém.
Uma garota que cheirava a adrenalina e remorso; esse tipo singular que precisava de um comparsa e talvez acreditasse que fosse esse meu papel.
Não era do tipo que perdia tudo e lamentava; na verdade, era do tipo que não aceita um ‘ não ’ e segue em frente; nessa situação, creio que ela acabasse recuando e desse seu jeito para demonstrar ao mundo que ‘ não ’ nunca fora uma resposta aceitável. Às vezes atingia seu ápice de loucura. Nesses momentos, até aqueles hospedeiros inconvenientes que lhe juravam paixão associada a total desmerecimento a abandonavam e era aí que nós ficávamos a sós. Eu por ela e ela por mim. Apenas isso.
Nunca recuei quando aos gritos ela entoava que era um Desperdício. Talvez até o fosse. Talvez fosse o meu Melhor desperdício. Como quem sabe a fórmula certa, cada miligrama necessário para alcançar o ponto culminante do seu próprio caos. Isso que me atraia e essa frenesi nos prendia mais a cada segundo.
Digo-lhe que é deveras semelhante a quem foi cúmplice – não por vontade própria, mas, por ironia do destino – de um crime. Ela era o meu crime. E além de todas as agitações dessa cidade, a única que realmente me trazia paz. Não era incomum chegar em casa e ouvi-la dizer o quanto a sociedade é cruel, as pessoas hipócritas e a inconstância dos fatos a enojavam. Nem era tão simples quanto pode parecer, vindo de alguém que é por tradição, calmo e sincero como eu, mas, mesmo sabendo que no fundo a única necessidade eminente dela fosse a ajuda psicológica, adorava como ela sutilmente tinha o poder de distrair-me.
Aproximava-se e argumentava que eu só preciso de mais uns dias de férias, uma bebida qualquer e seus beijos avulsos.
Aquele jogo de sentidos foi uma das coisas que mais me intrigou durante um longo período, contudo, era por ele que eu lutava todos os dias. Era por ela, mais uma das minhas Heroínas dilacerantes. Pelo vício que tinha o poder de consumir-me e pela fascinação que me tornava mais um ignorante dentre tantos. Quer saber? Eu agradeço por ter aprendido com ela que é necessário perdermos tudo para percebermos a real liberdade.
me identifiquei demais *-*
ResponderExcluirmeio que a filosofia tyler durden rs'
de todo jeito, é disso que gosto...
bjs
Camila.