Hoje recebi dois beijos: Um de chegada; outro de partida.

Talvez nunca tenha te dito, mas, você foi o meu foco pra esboçar rabiscos nos guardanapos enquanto jogávamos conversa fora. Você sorria e eu já nem sabia mais o porquê; era estranho ver o mundo daquele modo, parecia que as pessoas já não cabiam nele, havia sobrado só eu e aquele sentimento estranho, quase um enjoo, uma falta de direção, nada além disso. Éramos tão complementares, fomos, por assim dizer. Daí vem você e me diz que partir é também sinônimo de felicidade, penso eu que a única coisa que você sabe fazer - e muito bem, aliás - é brincar com os meus pensamentos, contudo, te digo que analisando o fato de cá, do lado de fora, concordo contigo, partir também é sinônimo de felicidade. Partir por si só é trilhar uma nova direção; é dar oportunidades e é especialmente deixar-se sentir.
Queria te dizer que as coisas vão melhorar, pequena, mas, não tenho garantias pra te dar. Queria te mostrar o mundo mais colorido, menos preto e branco, queria te levar pra onde os sonhos não se esvaem com o ar como um castelo de areia que se degrada a cada maré alta, juro que eu queria. Mas, eu sei que você vai encontrar o caminho certo.


Um dia alguém me disse que esse era o defeito das almas errantes, como as nossas; hoje entendi o porquê de ter dado risada ao ouvir isso. Eu gostaria de ser assim, só papel e caneta, esperando um esboço qualquer, mas, a felicidade não nos encontrará na esquina assim do nada, você sabe disso. Engraçado compartilhar essas coisas contigo, mas, é que justo agora, parece que ninguém mais pode me ouvir. E justo agora, me parece que lastimar-se é a última coisa que devemos fazer. Veja esse 'partir' no sentido de dar início a algo novo, ALGO SEU.

E voe, meu bem, voe pra longe, mas, voe para aonde eu ainda te alcance.