sábado, julho 02, 2011

Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis

PRIVILÉGIO DO MAR

Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vêm cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta.. . improvável. . .
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja.
(Carlos Drummond de Andrade)


As coisas sérias da vida tem passado por mim de um modo tão fugaz, num tilintar de olhos e quando paro pra pensar, passou ou já está prestes a passar, aí fica esse lugarzinho morno e a saudade dos abraços omissos e da felicidade trancada; tem sempre uma lembrança barata no meio do caminho; 1, 2, 5 reais, era tudo tão pouco, pelo menos é do pouco que me recordo.

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